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Foto do escritorYuri Cidade

É ilegal!


Ilegal, do latim illegale, significa o que se opõe à lei; que não obedece normas ou preceitos legais; ilícito. Mas em um planeta com tantas “leis”, como não ser ilegal? Lei dos homens, lei da vida, leis da física, leis de Deus (essas existem milhões de ramificações), e uma das que mais se pratica, mas ora quase sempre fica omitida, é a da sobrevivência, vulgo lei do cão. Nessa sociedade patriarcal, notamos inúmeros absurdos que alguns (e as vezes são grande maioria) tem como leis irrefutáveis para que seja mantida uma certa hierarquia existencial para que o poder nunca troque de mãos. O sistema se refaz como nossa pele se reconstituiu de um corte superficial, exercendo assim a vingança pela queda momentânea. Não se referindo somente a política, que é o assunto o qual fica evidente para se debater e parecer intelectual ao falar de “corrupção” e “controle”, começamos pelas casas. Quantos brasileiros hoje são vítimas de racismo, preconceito e violência doméstica? O cálculo óbvio que será impreciso, e não porque é uma doutrinação, uma afronta, uma falta com os bons costumes e a sucumbência da família tradicional brasileira, e sim porque são rotineiros e verídicos. E a maioria dessas pessoas por sua classe, cor, opção sexual, modos de levar a vida e de escolher o que bem entender pra si, tem medo. Tem medo de que se levarem seus agressores às autoridades, isso venha a piorar sua situação. Tem medo da vergonha de pessoas que apontaram seus dedos imundos e hipócritas estigamatizando meros seres humanos que apenas buscam uma maneira de enfrentar a vida com um sorriso. Doutrinação? É exatamente o que fazem hoje em escolas, partidos, igrejas e em muitas famílias, onde principalmente o jovem é proibido de sair “diferente” do ideal utópico retrógrado dos pais. Toda instituição é uma doutrina quando não se tem liberdade de expressão e de livre arbítrio. Instituições como estas, passam a ser apenas fábricas de hipócritas reacionários que acham que o mundo gira ao entorno de seu umbigo. Quando um jovem toma conhecimento de si mesmo, vê que o mundo é mais do que ele possa enxergar, e que é meramente um ignorante em meio a um mar de conhecimento que ainda não fora aprendido, é aí que ele começa a ser taxado de maluco, baderneiro, arruaceiro, esquerdista (esse está bem na moda), maconheiro, entre tantos outros que os demais seres humanos menos evoluídos e cegos mentais começam a estigmatizar esses com essas separações de gêneros, talvez pelo medo de que o diferente enfraqueça a sua posição social ou seu próprio bolso. Isso tudo se dá pelo “Endeusamento” de certos indivíduos ou órgãos, como os pais, a escola, a polícia e tantos outros que possuem uma característica hierárquica que os coloca acima dos meros cidadãos. Por exemplo a escola, possui a finalidade preparar o aluno para uma nova fase da vida, fornecer conhecimento necessário para direcionamento profissional e, a grosso modo, ser a segunda casa de um jovem em desenvolvimento. Pois é, mas a escola muitas vezes por ainda acreditar no seu “endeusamento”, pela má preparação dos professores (e suas respectivas condições de trabalho), acabam por tornar a escola um mero quartel onde alunos são soldados a mercê da vontade de um capitão, que além de impor suas ordens dentro da instituição, passa a monitorar a vida do jovem fora do seu local de “jurisdição”. Ora meus amigos, qual seria o próximo passo? Tornozeleira eletrônica? Contador de passos? Além dessa, ainda cometem uma total lavagem cerebral, exprimindo os alunos para que sigam apenas as carreiras lucrativas e incentivam a não serem acadêmicos de carreira ou professores. Ou seja, o que prega a escola é que estudar não é legal, é tão somente algo que os levará a ganhar dinheiro se souber seguir a área “certa”. Isso é doutrinação. Isso é pregar o poder do capital, é afrontar todos os princípios morais e sociais de livre expressão e conhecimento do ser humano. Essa desculpa pra dor de cotovelo de alguns políticos, que me dão nojo só em pensar nos nomes, de que o ENEM é uma esquerditização da sociedade brasileira é incrivelmente ridícula assim como projeto de lei da HETEROFOBIA. Senhores deputados, com perdão da palavra, mas vocês não tem mais o que discutir na câmara? O conceito de igualdade e justiça pra vocês, qual é?Tudo isso que acontece na cena de nosso amado país. É triste a implantação de que tudo que não é padrão, é ilegal. Para todo comportamento diferente, existe uma pena, um pecado ou uma punição. Talvez seja por isso que alunos não são educados, presos não são reeducados e políticos passam mais tempo rindo da cara do povo do que trabalhando. O endeusamento das instituições, e a “ilegalegalização” das condutas e dos pensamentos diversos dos padrões é o problema que torna a evolução um tanto quanto lenta. É ilegal fumar maconha, expressar sua arte, expressar sua visão, mudar, ser gay, ser negro, ser mulher, mas é legal roubar dinheiro público, ignorar a democracia, bater em sua família, principalmente na mulher e continuar erguendo seus braços pra cima em devoção a um deus e pregar o conceito de família tradicional brasileira. Se esse é o padrão pra ter uma sociedade exemplar, então prefiro fugir a regra e procurar uma saída bem menos, como direi, podre.

Yuri Cidade

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