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Foto do escritorYuri Cidade

Além do tempo e da pedra

Em meio ao belo jardim do palacete do mago Tibérius, a majestosa estátua de uma guerreira tribal emergia, uma obra-prima esculpida com um detalhismo impressionante. A mulher retratada possuía uma beleza marcante, contrastando com a força impetuosa que emanava de sua figura imortalizada em mármore. Seus músculos esculpidos pareciam pulsar com energia contida, e sua espada empunhada revelava uma destreza imortalizada no tempo.


Enquanto caminhavam pelo local, Lorde Hurdon questionou Tibérius:


- Que bela peça de arte! Quem é o responsável por essa obra? - com sua voz ecoando reverência.


O mago, com sua longa barba prateada acariciada pelas brisas suaves, ofereceu uma resposta enigmática:


- O artista em si, eu receio que desconheço a identidade. Comprei-a por conta de sua lenda.


- Pois conte-me então, meu amigo. - respondeu curioso.


O mago, com um olhar melancólico e uma expressão carregada, disse:


- A mulher na estátua era chamada Ilana. Uma guerreira destemida dos povos livres, que enfrentou com coragem um tirano cruel que oprimia a região muito antes dos primeiros homens pisarem nesta terra. Movida pelo nobre desejo de libertar seu povo da tirania, recorreu a um pacto desesperado com uma entidade maligna, caída há milênios, conhecida como Morven.


Enquanto as palavras de Tibérius ecoavam, Lorde Hurdon se via capturado pela narrativa.


- O pacto foi selado - continuou o mago, adquirindo um tom de voz mais grave. - Morven concedeu a Ilana habilidades sobre-humanas, transformando-a em uma força imparável. Sozinha, ela adentrou aos domínios do vilão e enfrenteu todos que ousaram erguer armas em sua direção. Quando chegou frente a frente com o algoz de seu povo, decepou-lhe a cabeça com um só golpe, encerrando seu legado de tirania.


O lorde assentiu, compreendendo a posição da estátua que capturava o momento culminante da cena narrada.


- Imediatamente após o golpe, uma escuridão sinistra envolveu o ambiente. Morven, cumprindo sua parte no acordo, emergiu diante de Elena, um sorriso perverso adornando seus lábios. O débito da guerreira estava vencido, e a entidade não hesitou em cobrar sua dívida.


O mago fez uma pausa, deixando o peso das palavras penetrar na consciência do lorde.


- Num instante terrível, a energia nefasta da entidade abraçou Ilana, consumindo sua essência vital. Sua forma física foi petrificada, transformada em uma estátua. Os olhos que outrora irradiavam determinação e coragem, agora eram apenas vazios, transmitindo a agonia e a angústia que ela enfrentou ao pagar o preço por sua vitória. Dizem que sua alma permanece aprisionada dentro dessa figura inerte.


- Então por que a mantém aqui fora? - pergunta com certo temor da estátua.


- Para que, ao menos, sua visão seja enquadrada por este belo jardim, como uma lembrança do paraíso que ela sacrificou.

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