Desenrolo minhas letras expulsando todos os demônios que habitam meu ser. De tom em tom, percorro uma escala musical evolutiva. Feito uma sinfonia sem maestro, dita-se o ritmo da realidade, e nos contratempos faço das minhas ideias uma tempestade. Confuso entre ciência e religião, troco figurinhas cristãs com Buda no laboratório de Einstein discutindo Freud com Platão. A evolução nos joga para um buraco negro de conhecimento, que no fim não tem fim, é apenas o começo de uma pesquisa sem resposta sobre as eternas dúvidas que nunca são debatidas. A alegoria segue desfilando na sapucaí televisionada, incumbindo a nós, desvendar o eterno mistério da personalidade humana. Atos e omissões, divididos entre pecados e virtudes estipulados pela cultura do bem e mal. Conceito pré-histórico adotado por uma sociedade que se diz visionária. A eterna mania capitalista de dividir a vida em dois lados de uma moeda que está sempre abaixo da real cotação do dólar. Sobrevive quem é teimoso, vive quem é rico, e se perde quem procura. Me perco e descubro quem sou. Distante do resto, me submeto ao remédio da auto-ilusão pra fins de espaço na calçada. Dois corpos não podem habitar o mesmo lugar, princípio científico este que foi traduzido erroneamente para a realidade onde diferentes não podem viver em paz. Classes sociais pregando antipatia e a soberba. Somos o animal mais anti-social que qualquer selvagem que habita as savanas. Aqui comemos os leões pelo rabo, e cuspimos os ossos na família deste. Rindo da morte, tropeço na sorte viciada de me considerar um eterno aprendiz da vida. Dela jamais conseguirei desvendar o sentido, mas me sinto completo quando minha língua desliza sentimentos racionais em cada sílaba. Expressão é a fonte de exteriorização de um ser humano, colocando pra fora de si sua verdadeira face. Nem feio e nem bonito, apenas real e sincero.
Yuri Cidade
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