Encrustado no altar divino, me dobro apenas à imagem da razão. Santifico nada mais que meu cérebro, me rendendo ao abstrato mundo do próximo, e incerto, passo. Já me diria um poeta: Nem destino, nem casualidade. Futuro nada mais é que um óbvio gerado por uma sequência de fatos. Neste conceito não catalogado em livros sagrados, me deparo com uma sociedade criada sobre estreitos padrões baseados em fé e sacrifício. Vindo dos primórdios, a bordo das caravelas, o controle pela ignorância e vaidade, fazendo de escravos qualquer um, não importando idade, com condições de fornecer mão-de-obra ou capital para que poucos aproveitem o ócio. A exploração sempre nos fora doutrinada como meta de sucesso. Falta joelho pra tanta fé, degrau pra tanta promessa e corda pra tanto pescoço. Um enrosco entre os que pensam e os que acreditam. Há ainda quem venda ilusões pós vida, separando até mesmo no céu, o bairro nobre da favela. Quem não conhece a vida, iria conhecer o que há depois da morte? Triste ilusão de quem crê em palavras ao vento. Somente o desalento é o que resta em cada envelope do dízimo.
Sistema voraz que devora nossa liberdade, impondo invisivelmente sua própria vontade. Acendem-se as velas e apagam-se os sonhos. Neste momento só proponho para que hajam mais aulas de história. Pois cheguei a conclusão de que o tudo é simplesmente um aglomero de nada, formando assim, uma enormidade de conceitos retóricos entre si. Formo aqui, a provocação necessária para despertar-lhes a dúvida de tudo que é concreto, para que entrem em colapso, e deixem surgir realmente a forma mais pura de livre arbítrio. Entre risos e lamentos, entrego-me as minhas vontades e instintos, não deixando que nada exterior exerça sobre mim, força ou comportamento diverso do que realmente sou. Após isto, ainda ouso lhes perguntar: O quão livre você é?
Yuri Cidade
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