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Foto do escritor: Yuri CidadeYuri Cidade

Desloco a voz, em um pretérito imperfeito subjugado, me alavancando à frente do meu próprio tempo. Dando a impressão de que vivo um futuro adiantado que torna meu real presente, obsoleto e chato. Escrevo. Derramo lágrimas e sorrisos em forma de pequenos símbolos linguísticos. Em jornada transcendente, faço do papel em branco, o mapa para encontrar um tesouro que não pode ser convertido em moeda nacional: Minha Essência! Me vejo em meio ao turbilhão de possibilidades que cada milésimo de segundo proporciona. Equaciona e fraciona todos a si. A folha que cai, a menina que sorri, os professores apressados com a próxima aula. Tudo bagunçado organizadamente em funcionamento pleno. Como pode o mundo se fazer na diante de meus mínimos olhos? E como posso materializá-lo em palavras? A incrível engrenagem que gira no mesmo movimento da terra. Recorro analogamente à Einstein, tendo plena convicção que o tempo realmente é relativo. Pois tudo se move em velocidades diferentes para cada universo carregado na mente de quem passa olhos por estas letras. O que estaria pensando? Como ela me enxerga? Como seria pensar com uma cabeça que não fosse a minha? Por que eu duvido? Por que eu escrevo? De onde vem a inspiração? Tudo isso se embaraça na minha mente, e em meio ao mindblow, desconcerto todos os conceitos e exponho em palavras malditas, materializando a inquietação do meu universo. Confundo minha realidade com a sua, e em questão de alguns parágrafos, já nem sabemos quem escreve e quem lê. O cotidiano, a realidade, o momento, tudo eu consigo descrever, e até mesmo reescrever, da maneira mais clara ou mais abstrata, de fatos que podem nem acontencer. Poetizar a vida, é dar vida ao abstrato, pondo-se de mãos dadas com seus sentimentos. Relativizo a mim, e a todas as facetas de uma de um ser mutante, mudando minhas palavras conforme se modifica minha percepção do mundo. Todo dia acordo em uma nova realidade, que me abre portas para novas salas, e infinitas novas hipóteses de como o dia vai se desenhar até o seu fim. E se é que terá fim. Intermináveis dúvidas que me forçam a pirar, literalmente, tentando no mínimo aceitar de que a resposta é uma dúvida. E a dívida? É impagável. Inadimplente de hipocrisia, dou calote nos padrões, e parcelo minhas indagações e teorias, em longos e nada suaves monólogos textuais. Preço não faz meu tipo, valorizo apenas do meu orgulho em ressonância com o que gira ao meu redor, fazendo deste caos, minha inspiração textual. Bato no peito e sinto-me simplesmente feliz por conseguir jogar em palavras, terrores e amores tão humanos e cotidianos, que qualquer um pode se enxergar existindo no discorrer das frases. Meus textos, apesar de intimistas e vaidosos, se fazem de espelho, nos quais pessoas vivem enxergando seus reflexos. Da vida eu balbucio letras e artigos confundidos entre si, para esclarecer algo que é oculto até pra mim. A poesia me domina, me faz categorizar meus sentimentos e pensamentos, dando-os vida em um universo escrito. É meu grito de alforria, pois permaneço escravo de mim, mas livre de qualquer outro ser que se autoafirma existente. Nosso elo de comunicação entre existências, é bem aqui.  Então, enquanto durar, desfrute de cada sopro vital e inspiração mental que nossa sintonia te proporcionar. A beleza da existência é literalmente o apego a si, se atirando contra os opressores, para poder realmente se firmar como ser humano. Eu escrevo, eu existo. Mas e você? Existe pra mim? Pelos meus canos, no momento só esta poesia, porém já chego ao fim do verso. Desconjugo meu verbo e recolho-me ao meu universo, onde só existo pra você, até aqui…

Yuri Cidade

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