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Foto do escritorYuri Cidade

A culpa de quem vive

“Pois quem toma banho de ódio, exala o aroma da morte” (Criolo)

Nada mais traste que o contraste entre a vaidade e a humildade, disfarçados no enlace chamado de caráter. Insanidade? Ou falta de senso de igualdade? Sangue pinga. Em nossas mãos o estigma, as feridas abertas dos pregos sociais afundados em nossas retinas. Vítimas suicidas. Acordei em um pesadelo, pois só o que vejo, são reféns do medo por serem o que são. Pausa na evolução. No café da manhã, opressão. Irmãos disputando entre si, uma pseudo-hierarquia na cadeia evolucional humana, pena daquele que se engana, totalmente atrelado a geração da humilhação pelo perdão. Perdão de que? Perdão pra quem? Se todo ato é pecado ou contra a moral, que faz de ti tão menos animal? Falsa moral incrusta no padrão social de um controle machista e patriarcal. O que vejo nas ruas é o puro reflexo de uma guerra de egos, entre tolos e cegos, proferindo mau agouro a quem só quer ser humano. Mundo insano, formado de pederastas disfarçados de santos. Entopem os canos, arquitetam seus planos, cobrindo tudo com um pano, ou melhor, uma batina. Dos livres, a eterna sina. Dos reacionários, a obra prima. Violenta rotina. Eis aqui o amor mais falso que já pude enxergar, pois te ensinam que para o paraíso alcançar, há de se doutrinar a odiar a quem diferente pensar. Jesus em sua cruz implora para que lhe arranquem seus olhos, implorando para não ver esta banalização do ódio. Quem decepa mais cabeças sobe ao lugar mais alto do pódio. A ira de Deus é a ira do homem. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Me expliquem: Que tem de mal a menina querer ser homem? Na matemática do preconceito, 50 mortos, 53 corpos e incalculáveis dores de quem chora a saudade. Não escolheu sexo, cor ou idade, agiu com ruindade de quem se diz fiel. Fiel a maldade. Versão homofóbica do Bin Laden. Aos 36 estupradores lugar cativo no céu, pois agiram por culpa da vítima infiel. Saia curta, fama de puta, se meteu com os truta e virou piranha. Na teia da aranha, adormeceu: Boa noite Cinderela, mas abre as pernas pro meu batalhão. No Piauí a pelada foi disputada dentro do ginásio. Dopada e apagada no vestiário, praticado esporte favorito do machismo: Estupro. Sem escrúpulos é ainda quem justifica atos em prol do agressor, tornando-se, na realidade, mais um opressor. Horror. Um insuportável fedor de hipocrisia. Em cada boca cheia, uma alma vazia, dizendo que lugar de mulher é na beira de uma pia. Sorria e aceite seu pecado, veado: ser sempre taxado de anomalia. Lacrado. Até quando? Por quantos? São tantos os pais aos prantos, velando seus filhos em todos os cantos. Intolerância e ganância juntas no poder divino, para que o mundo seja padronizado desde pequenino, até que não sobre nada aqui além do extremismo. Preconceito é o câncer sociológico que há cada dia devora mais estados psicológicos disfarçados de pensamento ideológico. Ilógico é ignorar a liberdade alheia em favor da sua. Realidade nua e crua. Lágrimas me caem ao rosto, puro desgosto, de pertencer a um mundo onde felicidade não pode ser nada que já não fora imposto. Sufoco. Inevitável não olhar nossas mãos sem ver o sangue de quem morre por nascer, por ser, por querer, por viver. Mas ao fim do verso, já estou submerso de julgamentos de falsos moralistas, que insistem em dizer que tudo isso é exclusivamente culpa da vítima.

Yuri Cidade

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