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Foto do escritorYuri Cidade

Dia do Contra

Debulhando meu cotidiano, me deparo em meio a orgia social que se encontra o meu querido chão pátrio. Uma revolução elitizada ofusca a identidade do golpe e aponta o dedo sujo para quem preza pela democracia. A esquerda dominante se tornou tão direita quanto seus adversários. A corrupção não tem lados, é reta e direta no bolso do povo. Aqui ladrão que rouba ladrão tem estabilidade, cargo alto, mansão e lugar cativo no céu. No morro todo dia é dia de crise. Nas vielas brasileiras ainda se escondem os eternos escravos sobreviventes da senzalas. Filhos de zumbi adotados pela miséria e exclusão. Quilombos aos montes margeiam os barrancos que fazem divisa com os bairros nobres. Enquanto condes, príncipes e membros da nova geração da high society vestem-se de amarelo e pedem por justiça. Passeata pelo direito de igualdade de roubar. Não são capazes de olhar pra seus semelhantes menos afortunados e tratá-los como gente. A justiça só é justa com quem pode pagar. Historicamente voltamos a diversas eras de opressão. 1500, 1964, ou qualquer data onde a democracia só existia para a burguesia, brancos e cristãos. Uma bancada da santa inquisição julga os direitos conforme sua ideologia do bolso cheio. Mulher com atitude é bruxa ou prostituta sofrendo de falta de “pica” de um homem de bem. Negros ainda ocupam os trabalhos mais degradantes, quando não presos em jaulas, servindo de moeda de troca pelos senhores de engenho. Ser homossexual é o sacrilégio digno, não só da excomungação da igreja, como da sociedade, quando não condenados à tortura, física ou psicológica, ou a crucificação em praça pública. Uma meritocracia falha que se baseia na cultura do capital orquestrada pelos poderosos maestros da corrupção que escondem-se atrás de um plenário. As casas parlamentares são mais sujas que os barracos da favela. E com certeza encontram-se mais ladrões nelas do que no morro. A exclusão agora fica disfarçada de justiça. O veneno escorre da caneta dos opressores que se intitulam mitos e são seguidos por seres acéfalos. Da janela do triplex está a vista perfeita do pandemônio que se passa nas calçadas brasileiras. O descaso com a população reflete a atual situação do país. Onde se vota no palhaço, se dá trono pra jogador de futebol e título de artista pra ex-bbb, fazemos um paralelo a Peter Pan, e chegamos à conclusão que estamos na terra do nunca, onde jamais se cresce. A diferença é que aqui as crianças não voam felizes brincando e travando divertidas batalhas contra um pirata trapalhão. Justamente ao contrário, os piratas é que dominam e escravizam milhões de crianças, impedindo-as de crescerem e evoluírem. Educação é artigo de luxo manipulado por um sistema de governo, no qual se controla o povo pela sua ignorância. Nem de perto um conto de fadas. Aqui nos baseamos em fatos reais, mas engolimos o mundo da fantasia goela a baixo no horário político obrigatório.

Yuri Cidade 

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