Contrariando curso cultural, continuo a dar vazão à reflexão individual e ao tempo livre para tal análise. Vivemos sobre preceitos políticos, baseados em princípios religiosos, os quais o ócio fica marginalizado e a forma mais contemplativa de um ser, continua a ser tida como simples fato de vadiagem de quem pensa demais e trabalha de menos. A escravidão pela cultura do ofício acima de todas as coisas, eu renuncio, e abro minha existência as dúvidas e formas alternativas de vida para encontrar-me em plena satisfação e harmonia com o ambiente que habito. A mendicância intelectual da nossa sociedade é passada através de gerações por meio de um educação falha e ditatorial, que nos ensina que sucesso é atingir um nível de poder, pelo capital, a ponto de mandar em seres subalternos e, fazer disso, nossa satisfação social baseada na cultura da economia individual. Tento a cada dia me afastar ainda mais do materialismo supérfluo doutrinado nas instituições ao meu redor. Nem só de dinheiro vive o homem, pois focando somente no capital, não temos nada mais, nada menos, que um ser vazio e sem qualquer tipo de abrangência ao mundo que o cerca. Não nego minha luta pela subsistência física que o dinheiro me proporciona, só apenas a combino com os demais pensamentos que desvencilham-se na minha mente. Sem qualquer tipo de rótulo, abraço o mundo como Caetano, desprendendo-me da política do capital e, gerando assim, não só uma satisfação individual, como coletiva, ao ponto de pôr em perfeita sintonia a minha existência e a existência dos demais semelhantes que habitam o mesmo círculo social que me encontro. Ainda que haja todos os obstáculos às minhas “verdades”, minto pra mim mesmo de que tudo será conquistado sem qualquer tipo de perturbação, pois qualquer ato de influência negativa sobre mim, desencadearia no desacreditar do poder que meu intelecto social prega. A divisão de classes econômicas e culturais, me colocaria na coluna do fracasso e facilmente eu seria reduzido apenas a um número. Sem alma, sem forma, sem conteúdo, sem esperanças, apenas um número. Um paralelo que faço para comparar a exclusão social “livre”, é simplesmente analisar um recluso de um presídio que fora posto afastado da sociedade, e hoje não tem qualquer efeito sobre a ela. Hoje ele é apenas um número para o estado, identificado apenas como um ser humano abaixo das expectativas cristãs/sociais/capitalistas, divididas em mal ou bem, baseadas no ato e não na causa. Nem por um segundo me vejo como parte de um estatística social dos desajustados. O peso que carrego sobrevêm de tempos de opressão, e a certeza que me move, vem dos princípios mais otimistas e humanos que um ser pode despertar. Eu despertei pra vida, assim que deparei com meu reflexo no espelho me olhando descontente de quem era refletido. Talvez eu tenha que ser o espelho, e fazer de mim o passado esquecido, usando disso para refletir no futuro o mais próximo do verdadeiro eu que habita este corpo. Em autocomplacência, persigo meu sonho conforme o tamanho do passo que consigo dar. Porém, por mais pequeno que eu seja, jamais pararei de andar.
Yuri Cidade
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