Ilusório pensamento, que instiga meus anseios. Faz por meio deste, um confessionário de mentiras. Deixe-me expurgar o peso moral que carrego, no vazio do silêncio de um caos hipnótico. Anestesiado até a alma, preso entre os prédios, deslizo minhas ideias pro mesmo ralo pra onde escorre o sangue. Desce o morro e desemboca no concreto. Pinto meu corpo com este, vestindo a camisa dos que morrem sem culpa e sem sequer ter existido para o mundo. Miscigenação racial, cultural e social, porém alguns que se consideram de sangue puro, pregam uma divisão de classes, em que separam nobres de plebeus e escravos. Voltamos à burguesia, a corte portuguesa que assolava o Brasil, dizimando nossos Tupiniquins e trazendo em seus navios, um pedaço da África acorrentada no convés. O espelho de troca virou Iphone, e o tronco de açoite se transformou em favela. Me igualo aos esquecidos, e faço dos tidos como animais, meus verdadeiros exemplos de vida e de luta. Longe de substantivos rotulantes, enxergo o mundo como um todo, sem qualquer conceito de divisão. Transponho qualquer paradigma dogmático, ou histórico, que nos é imposto em nossa dose diária de ilusão social. Como uma metralhadora, disparo meus verbos contra isso tudo, e faço dos sonhos alheios e perdidos, os meus. Sigo nessa missão suicida que rodeia o final de nossa existência. Porém sem temer a morte, pois jamais será em vão o fim que me dará a luta. Diante disso, tropicalmente assumo meu lugar de índio. E como meus antepassados, resisto, não me deixando virar escravo do capital. Resistência cultural que corre no nosso DNA. Fico nu de todos os pré-conceitos, e abro meu ser a toda e qualquer resistência em busca da igualdade entre todos os habitantes. Carrego no sangue, no peito e na alma o orgulho da minha descendência macunaímica. Da reza brava às teorias de Darwin. Brindo a incerteza do amanhã, e conspiro contra nosso passado de opressão para fim de gerar um futuro livre de padrões e cheio de vontades.Minha aldeia não delimita fronteiras. Minha tribo é o mundo. Meu chão é batido. Meu lugar é Brasil!
Yuri Cidade
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