As Bruxas de Ilhas
- Yuri Cidade
- 30 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
A paz dos vilarejos ribeirinhos do Rio Iriringá foi quebrada por um mistério perturbador. Crianças estavam desaparecendo sem deixar rastros, e o desespero dos pais ecoava pelas aldeias como um chamado à ação.
Um grupo de aventureiros seguia dias no encalço de qualquer que seja a pista sobre o paradeiro das crianças. Porém a única coisa que sabiam era de que os desaparecimentos costumavam ocorrer nas noites em que as caravanas atravessavam as rotas comerciais de Iriringá, aumentando o fluxo de desconhecidos.
Um ancião mencionou ter visto, na noite mais recente, quatro carroças seguindo juntas em direção à balsa que atravessava o rio. Apesar de inicialmente parecer um dado vago, um dos guerreiros, com espírito de liderança, tomou a frente e percebeu marcas de ferraduras frescas na estrada, confirmando a história. O grupo então tratou de subir em seus cavalos e cavalga o mais rápido na direção da balsa que liga IlhaBarra ao Reino de Iriringá.
No entanto, encontraram apenas três carroças aguardando a travessia. Surpresos, o grupo então conversa com o balseiro e os carroceiros que estão ali. Um dos homens fala:
__ Atrás de nos vinha duas senhora. Aquelas duas que sempre vende bolo ali no centro. Elas pareciam que estavam com pressa, mas pararam a carroça uns metros ali pra trás e até agora não apareceram.
O Balseiro, mostrando impaciência, fala:
__ Se elas vão querer atravessar, então vai ficar pra próxima. Duas tansa, isso sim. Acha que a gente é palhaço de ficar esperando as madame pra atravessar.
Determinados a descobrir o que aconteceu, o grupo rastreou as marcas deixadas pela carroça das senhoras. Para a surpresa de todos, avistaram a carroça flutuando magicamente sobre as águas, rumo a uma ilha coberta de névoa. Ao fundo, a silhueta de uma torre antiga se erguia entre as árvores, escondida como um segredo proibido.
Com a ajuda do Balseiro, os heróis alcançaram a ilhota, avançando com cautela, cercados por uma atmosfera de inquietação. Entretanto, nem todos do grupo eram dotados das artes da furtividade. Não demorou muito para que o barulho das armaduras e os passos pesados alertasse as moradas. Das entranhas da terra, mãos surgiram agarrando os pés do grupo. Mortos-vivos, criados a partir de antigos corpos enterrados na floresta, emergiram da terra como guardiões macabros. Enquanto o bárbaro abria caminho com sua força bruta, o clérigo usava sua luz sagrada para enfraquecer as criaturas, permitindo que a barda e os guerreiros eliminassem os inimigos com precisão.
Depois de derrotar os lacaios, eles chegaram à torre. O interior era um reflexo do horror que as bruxas representavam. Caldeirões borbulhavam com substâncias negras, e símbolos arcanos decoravam as paredes, escritos com sangue fresco. No andar superior, encontraram as senhoras, que não eram vendedoras de bolo, mas sim bruxas de aparência grotesca. Com um sorriso malévolo, elas revelaram as crianças presas em jaulas de ferro, penduradas como troféus.
Sem hesitar, o grupo avançou. Uma das bruxas conjurou uma tempestade de fogo negro, forçando os heróis a se espalharem. A outra, com um grimório em mãos, invocou ilusões que distorciam a realidade, dificultando a aproximação. Uma das magas do grupo, percebendo a natureza das ilusões, rapidamente usou sua contra-magia para dissipá-las. O pelotão de guerreiros abriu caminho até a bruxa, desferindo golpes devastadores enquanto o ladino disparava flechas certeiras para neutralizá-la.
Enquanto isso, o clérigo enfrentava a bruxa que protegia as gaiolas. Ele avançou mesmo sob ataques intensos, atingindo-a com sua luz sagrada, que brilhou como o próprio sol, desintegrando a magia sombria ao redor. Com uma combinação de força e estratégia, as bruxas foram derrotadas, evaporando em uma nuvem negra, deixando para atrás apenas um cheiro de enxofre.
Com o perigo eliminado, os aventureiros se apressaram para libertar as crianças. A barda localizou o cristal mágico que sustentava as jaulas e, junto com o clérigo, canalizou energia para quebrar o feitiço. As crianças, embora assustadas e fracas, estavam vivas. Os guerreiros carregavam os menores nos ombros, enquanto o grupo deixava a torre, que começou a ruir assim que o cristal foi destruído.
De volta à margem do rio, as crianças foram reunidas com seus pais, e os aventureiros foram recebidos como heróis. A história das "Bruxas das Ilhas" se espalhou rapidamente, tornando-se uma lenda contada por gerações. Mas para os heróis, era mais uma prova de que, em Iriringá, a coragem e a determinação eram tão importantes quanto a lâmina de uma espada ou as palavras de um feitiço.
A história acima foi criada coletivamente na Turma 2, da oficina “Literatura Interatitva: Oficina de RPG nas Escolas”, junto à Casa da Fraternidade, onde os alunos puderam jogar e recriar a lenda das “Bruxas de Ilhas” para o cenário literário de Fantasia. O projeto “Literatura Interativa: Oficina de RPG nas Escolas” é fruto do EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO No 37/2023 Lei Paulo Gustavo - LPG - D+ SC/2023, do Estado de Santa Catarin
Comentários